quinta-feira, setembro 21, 2006

Despedidas

Como vocês já sabem, não estou mais no Brasil. Não sei quando volto. Pode ser daqui a alguns dias, daqui a seis meses, três anos ou nunca. Não descarto nenhuma possibilidade. Daqueles de quem não me despedi pessoalmente, dou aqui o meu adeus [ou tchau, se eu não demorar]. Obs. 1. Em relação a esse Post, gostaria que vocês o considerassem como se fosse a passagem do Cometa Halley. É algo que só acontecesse uma vez na vida de alguém. Não me permito, normalmente, esse tipo de frescura. Essa é a única vez que pretendo abrir uma exceção. A próxima, só daqui a 76 anos. Obs. 2. Comentários mais ou menos em ordem cronológica.

  1. Pro pessoal de muito tempo atrás, da Cidade Ocidental. Pra quem estudou comigo, Aroldo, Chiquinho e Robson, e, posteriormente, o Victor e o Marcus Wilson. Valeu. Lamento que as circunstâncias tenham nos afastado. Foram bons anos que passamos juntos, bons momentos, boas recordações. Alguns já não vejo há anos, outros pouco vi nos últimos tempos. Muita sorte e sucesso pra vocês. Ao Marcos Vinícius e ao Daniel da minha rua, minhas lembranças. Pro pessoal da BléBlé Games, o Anderson, dona Sônia, Alisson e demais que trabalharam comigo, e àqueles que atendi quando funcionário. Obrigado por aquilo que vocês me deram. Ao Sídney [vulgo Seu Speed], valeu a oportunidade de trabalho, a primeira que tive fora da minha família. Deus te abençoe, e te ajude a terminar o Road Rash. Ao Daniel, obrigado pela companhia na Biblioteca do Dimensão, e pelas horas todas de partidas que jogamos juntos. Lembranças ao Aloísio [vulgo Batata], Weider e demais membros da ABF.
  2. Agradeço ao Cap. Luthero Worm, que foi o um dos poucos a me dar um voto de confiança, ao me levar para o EMFA. A experiência mudou minha vida. Ao Doutor Corsíndio, grande mestre que tive nessa vida, Deus o tenha. Agradeço ainda ao Sub Daniel, ao Wandercleiton e ao Cruvinel. Ao Daniel, pela paciência que teve pra me ensinar, quando eu não sabia de quase nada ainda. Ao Wandercleiton, por me indicar ao cargo que ocupei até sair do Brasil, e pela confiança que sempre depositou em mim. E ao Cruvinel pela força e apoio, desde que começamos a trabalhar juntos. Não posso esquecer da Marlene, que nunca disse não aos favores que sempre pedi, do Emerson e do Paulo, pela companhia e diversão em tantas rodadas no Berg, um-meia-nove e Pirão. Sucesso pra vocês. Ao pessoal com que eu servi, particularmente o Cássio, Luciano e Paulo Marques, do pelotão de adidos da Companhia do Cerimonial do Batalhão da Guarda Presidencial. Caso algum de vocês chegue a ler isso, saibam que nunca me esqueço daqueles meses que passamos juntos, no recrutamento. Pra mim, pelo menos, foi barra pesada, não estava acostumado. A casca dura que criei pra aguentar aqueles tempos carrego nas costas até hoje. Mas valeu a pena. Sei que valeu pra vocês também. Pra galera do alojamento do EMFA, pro pessoal de antes de mim. Pé de Poeira, Carlão [cara de pau], Aldeci e todos os outros. Espero que tudo tenha dado certo pra vocês, depois da baixa. Sei que não é fácil. Ao marinheiro Taveira, meus agradecimentos por todas as caronas e pela paciência. Ao César [vulgo Cesinha], obrigado pela amizade. Desejo tudo de bom pra você, pra Rafaela e pra Ana Júlia. Vocês merecem.
  3. Agradeço à minha prima, Karina, por ter me apresentado ao evangelho, e me conduzido à Sara Nossa Terra. Foi uma grande experiência pra mim, e direcionou todas as decisões que tomei a partir dali. Agradeço ao Welber, que primeiro me discipulou, e principalmente ao Rodrigo Ponce, pela paciência e dedicação que me dispensou ao longo de 5 anos. Às pessoas que conviveram comigo, e aguentaram meu mal humor nesses anos, peço desculpas, e agradeço, também. Àquelas que foram minhas amigas em algum momento desse período, tenham certeza que sempre me lembrarei de vocês com carinho.
  4. Ao pessoal do Free Play, Ari, João, Antônio, e meus parceiros de treino, Jackson, e principalmente o Kamen Rider [vulgo Renato]. Se eu recebesse hoje 1 Real pra cada hora passei nesse fliperama, jogando ou simplesmente conversando fiado, estaria rico hoje. Renato, valeu pelos bons momementos, e pela amizade. Pra diretoria do Free Play, meu agradecimento. Sei que não é fácil tocar um negócio no Brasil, e vocês têm se esforçado muito, pelo que vejo. Estou certo que Deus vai recompensar vocês.
  5. Agradeço também o pessoal que estudou comigo por último, na UnB e nos cursinhos. Ao Tenente Márcio [hoje já deve ser Capitão], dos Bombeiros, o Silva Filho, da PM, e ao nosso amigo Jaraguá. Hoje vocês devem estar todos formados, eu fiquei pra trás.... Mas um dia alcanço vocês!! Muita sorte pra todos. Valeu também o pessoal da minha turma de inglês, Hadassah, Mariana e Neboja. Legal tê-los conhecido. Ao professor Chauvet, agradeço também. Se um eu voltar a lecionar, espero me tornar um professor tão bom quanto você. Walquiria, meu anjo, pena que a gente quase não se viu depois do curso. Muita felicidade pra você. Às duas Naras, minhas lembranças. Nossa convivência foi breve, mas valiosa. Boas nomeações pra vocês.
  6. Ao pessoal do MMA Brasil e do PVT, que não conheci pessoalmente, obrigado pelos vídeos, pelas discussões e pela força que vocês me deram. Ao Alexxx, valeu a indicação ao Mcox, foi legal ter sido moderador naquela época. Muita gente não gostava de ti, mas eu nunca tive problema contigo. De minha parte, continuo te considerando. Ao Michel, agradeço a confiança. Nos falamos pouco, e o fórum tá fora do ar, ainda. Não sei o que você pretende fazer ao certo. Mas sei que, o que quer que seja, terá sucesso. Gente perseverante como você sempre alcança aquilo que busca. Ao Pedro Ramone [agora só Henrique], valeu pelos vídeos e pelos poucos papos que tivemos. Ainda vamos assistir um Pride juntos, ao vivo, aí na sua terra. Apesar do pouco contato, você é um cara que considero pra caramba, por seu esforço, não só nos fóruns, mas pelo pouco que vi, através dos comentários dos outros, nas outras áreas da sua vida. Ao FCB e o pessoal do GrupoVip do PVT, deixo um abraço. Valeu a iniciativa e a disposição de defender aquilo que vocês acham certo. Pena que, justamente quando o negócio começou a funcionar, não pude participar, por conta das restrições que implantaram no servidor de onde trabalho. Boa sorte pra vocês.
  7. Ao pessoal de casa que me apoiou, muito obrigado. Particularmente meus avós, e meus tios, Zé Roberto e Rosária. A força que vocês me deram quando saí do exército me possibilitou continuar a andar pra frente, e chegar onde estou hoje. À minha prima Thatthy, cuja amizade só descobri tardiamente, deixo meu carinho [nos vemos no orkut!]. Aos meus primos Carlolos, Albert e Cássio, que cresceram ao meu lado, desejo pra vocês o melhor. De minha parte, podem contar com o que precisarem, e com o que eu puder fazer, de longe, por vocês. Aos meus pais, pelo que fizeram por mim, e por aquilo que puderam me dar. Sei que aquilo que não foi feito não foi por falta de amor, ou por descaso ou descuido. Sei que vocês me deram tudo o que tinham, de coração. Ao meu avô, e xará, agradeço por tudo que me ensinou. Desde o início, a discernir o certo do errado. Pela convivência, e pela lição de vida que você me deu. Por ter sido meu pai naquilo ele não pôde ser pra mim. Se tudo der certo pra mim, no exterior, e nos próximos três eu me casar, e me formar e criar vínculos lá fora, e não tiver nenhum outro motivo pra voltar ao Brasil, ainda assim eu volto, pra pelo menos poder pescar ao seu lado mais uma vez, assistir algumas partidas do campeonato paulista e discutir politica contigo. Não tenho como te agradecer.
  8. Quanto à minha, vó, ou melhor, Mãe Maria, não sei nem o que dizer. Só Deus pode recompensar o que você tem feito por mim nesses 28 anos. A ele deixo o encargo de recompensar você, nessa vida ou na próxima. Se dependesse de mim te recompensar, teria que pedir a Deus que prorrogasse minha pelo prazo de mais uma vida inteira, ao seu lado, pra que eu pudesse te recompensar por tudo que você fez por mim. Por sempre ter intercedido por mim quando precisei, por todo apoio, todo carinho. Por ter me dado tudo aquilo que minha mãe natural quis me dar, mas infelizmente não pôde. Por tudo, até aqui, porque até mesmo essa viagem, a realização de meu sonho, só foi possível por conta de sua ajuda. O que eu disse pro velho, antes, vale pra você também. Vocês são o maior motivo que eu tenho pra voltar pro Brasil, mesmo que tudo saia melhor do que o esperado. Levarei vocês dois no meu coração, por onde quer que eu vá, pelo resto dos meus dias.
  9. Por último, agradeço ao amigos. Ao Paulo Sérgio, cujo destino não permitiu que continuassemos convivendo de perto, valeu por todas as tardes de domingo que passamos juntos. Muitas foram as partidas, muitos lances de dados. Aqueles dias estão entre os melhores que tive até hoje. Que você alcance o sucesso que merece. Ao Thiago, pela amizade, mesmo que não tão próxima, ou constante, que compartilhamos nesses últimos 14 anos. Pela força que você me deu, justamente nos dois momentos que mais precisei na vida [mesmo sem que você soubesse]. Foi uma grata surpresa conhecer melhor você quando moramos na kit da rua do Café da Rua 8, assim como esses últimos seis meses em que o Fausto ficou fora. Espero sinceramente que nossos caminhos ainda se cruzem, seja indo pra Argentinha de bicicleta, percorrendo a Espanha à pé, vendo as garotas dançarem em Amsterdã ou chegando de A3 no Meu Bar. Deus te de o melhor. Ao Fausto, não tenho muito o que dizer. Amizade por amizade, vida por vida. Não poderia pedir um amigo melhor. De [quase] 15 anos pra cá, convivi com muitas pessoas. Como balconista na BléBlé, como auxiliar gráfico, no quartel, na Unb, cursinhos. Em Brasília, Cidade Ocidental, Goiânia. As pessoas têm conceitos diferentes do que é amizade. Pelo que vi, está grandemente associado à conveniência e oportunidade. Você é um dos poucos que pensa diferente, assim com seu irmão e o Paulo. Em várias situações em que vivi, quando tudo tinha dado errado, todas as circunstâncias eram desfavoráveis, quando não havia solução visível, e quando até mesmos as pessoas que esperava que me ajudassem não o fizeram, foi o fato de saber que tinha amigos como vocês três que fez com que eu não desistisse. Às vezes parece que não vale a pena viver num mundo de dificuldades, tropeços, traições, decepções, de pessoas egoístas, indiferentes, interesseiras ou falsas. Pra mim, só valeu a pena por que tive amigos como vocês. Fausto, nossa despedida é por pouco tempo, espero. Vou fazer o máximo que puder pra te dar força, pra que você possa se juntar a mim nessa empreitada. E até o fim do ano, eu e você vamos estar puxando papo com as dançarinas de Flamenco, uma loura, a outra morena, ouvindo o pai delas tocar violão, não em Nova York, mas na velha Amsterdã. Voltaremos ao hotel comigo te chamando de Mr. Jones, tropeçando, rindo e falando alto. Deus te de juízo nesses dois ou três meses em que ficamos separados. A Maioria das pessoas não te entende. Nem eu te entendo também. Até por isso, talvez, sejamos amigos por tanto tempo. ... FUI!!!!

domingo, setembro 03, 2006

Reminescências do Lobo da Estepe

Existem coisas na vida que podem ser grandes aborrecimentos. Na vida doméstica, por exemplo. Ter uma pessoa deficiente em casa. Falta de recursos materiais, como comida etc. No meu caso, não há nenhum grande aborrecimento desse tipo. Apenas pequenos. Mas eles são tantos que acabam, acredito, pertubando-me mais até do que se eu tivesse um único e gigantesco aborrecimento. Exemplo. Em minha casa moram 5 pessoas, e meia, se contar minha sobrinha de 3 anos. Setenta metros quadrados. Um banheiro. Ocorre, não raro, de alguém necessitar usar o banheiro quando já ocupado por outro. Em muitos casos, o tanque de lavar roupa pode servir de perfeito substituto ao banheiro. Ou pelo menos serviria. Pois sempre que minha mãe utiliza o tanque, deixa uma última peça de tecido de molho. Poderia utilizar o balde, mas por razão que desconheço, opta por nunca fazê-lo.

Depois desta introdução, fica fácil explicar meu raciocínio. Já não me aborreço por encontrar o banheiro ocupado, pois é condição inevitável em minha casa, dado o número de ocupantes. E não me incomodaria em utilizar o tanque. Mas, por não poder fazê-lo, fico multiplamente irritado. Pois além de ter que esperar, ao raciocinar que não teria que passar por isso se minha mãe fosse razoável, acabo me irritando mais do que deveria. E isso é só uma situação, diariamente passo por inúmeras...

Com o tempo, o acúmulo desses pequenos aborrecimentos os torna insuportáveis. Já teria desistido há muito, se não fosse meu camarada, o lobo Haller. Pra quem não está familiarizado com o livro do Herman Hesse, faço um resumo. Harry Haller, com seus quarenta e tantos anos, já não suportava mais a vida, um pouco devido a fatores psicológicos, mas grande parte devido às vicissitudes do envelhecimento. Sentia ele muitas dores. Mas em dado momento, tomou uma resolução: se chegasse aos 50 anos, tiraria a própria, acabando com seu sofrimento. Pode parecer estranho, mas essa atitude lhe dava uma enorme força de vontade, pois toda vez que sentia dores insuportáveis, forçava-se a suportá-las, pois sabia que em dado momento elas teriam fim.

Meu caso é semelhante. Já há muito que tenho inúmeros aborrecimentos de difícil, ou impossível resolução. Mas já não me aboreço tanto, pois sabia que eles eventualmente cessariam. Contando de hoje, em exatamente 8 dias. Meu vôo pra Dublin está marcado pro dia 11 de setembro, segunda. Se o capa preta não me grampear, dia 12 estarei tomando uma autêntica cerveja irlandesa num autêntico pub irlandês.