domingo, outubro 22, 2006

Agenda

6:00 Acordar e preparar para sair
6:30 Rumo a Pedra
6:40 Esperar que algum gringo faca a caridade de me levar pra trabalhar
8:10 Era o oitavo da fila, e apenas dois haviam saido, mas o velhinho do jipe preto fez sinal de que queria que eu fosse ateh ele. Sorte minha. Trabalhara pra ele na quarta-feira, comentando que entendia de computadores. Imaginei que ele queria que eu o ajudasse com algo do genero.
8:25 Chegamos na fazenda. Primeira missao, limpar as baias dos cavalos. Umas dez, mais ou menos.
10:45 Baias limpas, hora de colocar feno para os cavalos.
11:30 Intervalo.
11:40 Limpeza do patio
12:30 Chegaram os cavaleiros do passeio, fui informado que acompanharia alguns deles ao Museu. Imaginei que agora sim veria o computador.
12:50 Chegando lah, fiquei esperando que o Willie viesse me mostrar o computador, mas como ele nao apareceu aproveitei pra fazer meu almoco. Enquanto comia, uma moca da administracao apareceu e perguntou se eu sabia o que deveria fazer. Respondi que sim, pensando no computador, mas ela emendou dizendo termine de tirar a grama em redor da pista, depois venha limpar as baias restantes, e depois de uma varrida nesse feno espalhado. Pensei comigo soh isso?
16:00 Ainda nao tinha acabado de arrancar a grama quando uma bela moca veio me perguntar voce pode dar uma olhada no computador agora? Aliviado, fui a ateh a recepcao, onde me apontaram o computador. Ela me disse que ele nao ligava. Fiquei preocupado, pois estava sem ferramentas para abri-li. Mas fazendo a checagem inicial, percebi que o problema era no cabo de forca. Diagnostico em 5 minutos. De volta pro campo arrancar grama.
16:30 Ouvindo a mesma selecao de musica pela 300a vez, pensei comigo quer saber? vou fazer uma pausa por minha conta. Larguei a enxada e fui ateh o coffe shop. Claire me atendeu, perguntei se poderia beber algo, ela deixou que eu escolhesse qualquer coisa. Pedi uma Coca, ela disse que tal duas? Aceitei as Cocas, recusei o sanduiche. Lanchei satisfeito.
17:10 Claire veio me dizer pra largar o servico da grama, pra limpar as duas baias restantes. Moleza. Uma das baisas inclusive era usada por dois poneis. Melhor pra mim, jah que o ponei caga pouco. Antes das 6:00 jah tinha terminado inclusive de varrer o feno...
18:10 A outra moca [nao lembro o nome dela] me informou que me pagaria e me deixaria em Loughrea. Nada mal. Claire preparou um tea pra mim, enquanto aguardava que elas terminassem o que tinham que fazer.
19:05 Deixamos o Museu em direcao a cidade...

sexta-feira, outubro 20, 2006

Inspiracao [pouca]

Comparo meus primeiros dias na Irlanda como os primeiros minutos de uma sessao de duas horas numa academia de ginastica. Dah uma preguica, tudo doi, mas depois de uns 10, 15 minutos a pessoa se acostuma. Mas ateh lah eh um pouco dificil. Assim foram minhas primeiras duas semanas aqui. Daih saiu esse poemeto, que nao tinha colocado no papel antes de hoje.

In this god-forsaken land
Living amongst evil men
Clenching my hands with stone and sand
How long can I stand?

Tirando o ingles tosco, acho que ateh que ficou legal, apesar da excessiva dose de melodrama. Mas um dia desses, depois de conversar com uma amiga, resolvi escrever um pouco mais, dessa vez em portugues. Bem simples, mas gostei da sonoridade.

Saudade, pouca.
Arrependimento, nenhum.
Memorias, muitas, as boas, algumas.
O final, nao sei.
Voltar, talvez.
Mas se um dia retornar, serah por um caminho diferente.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Tedio

Quarta-feira resolvi ficar em casa. Esperava que um cara de Ballinasloe me ligasse, ja que o Don Genilson havia me indicado pra trabalhar com ele. Como o cara nao ligou, fiquei o dia inteiro fazendo p.n. [praticamente nada]. Dei uma volta aproveitando pra almocar, ficando pelo Supermacs mesmo. Tipica refeicao em qualquer lugar do mundo.

Figurassas da Irlanda: Renato Gargamel


Ainda no Brasil, meu amigo Romulo havia me dito que viria pra Irlanda. Na epoca, eu planejava ainda ir pra Australia. Quando tudo deu errado, perguntei pro Romulo se poderia ir com ele, que logo se prontificou a me ajudar. Colocou-me em contato com seu primo Renato, que jah morava ha algumas semanas na Irlanda. Chegando aqui, me deu todo o apoio, inclusive me ajudando a conseguir meus dois primeiros trabalhos.

Mas o interessante a respeito dele eh a postura com que encara situacoes diversas.

Eis alguns trechos:

Renato: Na minha casa, a primeira coisa que o cara ve quando entra eh um chapeu pendurado na parede. Assim, caso algum dia eu venha a dar um flagrante na minha mulher, e o camarada virar pra mim e disse "eu nao sabia que ela era casada" eu viro pra ele e falo "sabia nao seu filho de rapariga? E aquele chapeu la na sala, voce pensou que era dela? Pois agora eu vou eh encher a tua cara de bala!

Noutra conversa, com a Zelia a mesa, eu comentei que mandara um curriculo pra uma instituicao que cuida de criancas e idosos, e respondi afirmativamente quando a Zelia me perguntou se teria estomago pra esse tipo de trabalho. O Renato nao perdeu tempo:

Nao tem eh estomago pra ficar o dia inteiro no rabo duma shova [pah], neh, Bin-Ladem [ele me chama de Bin-Ladem] ?

Alem de figurassa, ainda eh um cara muito gente boa. Anteontem, ele me contava como um amigo com quem trabalhou 11 anos lhe passara a perna aqui na Irlanda. Perguntei pra ele como depois disso ele ainda tinha disposicao de ajudar uma pessoa que ele nem ao menos conhecia [o meu caso], ele me respondeu: Tem que ver, Bin-Ladem, que nem todo mundo eh igual...

A foto abaixo fala por si soh.

Flashbacks: Trabalhando em Limerick

Depois do trabalho com o Declan, meu camarada Renato Gargamel me indicou outro trabalho, na cidade de Limerick. Fazer um muro de Pedra. Infelizmente nao atentei em tirar foto do nosso trabalho. Depois do quarto dia de trabalho, Daniel, meu empregador, discutiu com o dono da obra, e viemos embora pra Loughrea. No nosso ultimo domingo lah, ainda fomos a um pub, o primeiro visitei aqui. Abaixo uma foto dele. O detalhe eh que estavamos numa fazenda no meio do mato, afastada alguns kilometros da cidade, e o pub era tao equipado e confortavel como qualquer outro. O pessoal aqui valoriza muito esse tipo de lugar.

terça-feira, outubro 17, 2006

A Pedra

Como havia dito antes, apresento a voces agora a famigerada Pedra de Loughrea. Cultuada por alguns como pedra de salvacao, amaldicoada por outros como pedra de tropeco, fica na ultima esquina da Bride Street, no sentido de quem vem de Dublin e vai pra Galway. A Pedra nada mais eh do que um local onde os irlandeses estao acostumados a buscar brasileiros pra trabalhar. Mas ao mesmo tempo eh mais do que isso. Eh um local onde ficamos informados de tudo que acontece, na cidade e nas circunvizinhancas. Tambem conseguimos dicas de empregos e de como conseguir as coisas por aqui.

Outro aspecto interessante eh o das comparacoes. Uma materia veiculada na midia local comparou a pedra da cidade de Gort como um ponto de prostituicao. O carro para, o brasileiro se aproxima, o motorista abaixa o vidro, eles conversam um pouco, e se entram em acordo o brasileiro dah a volta e entra no carro.

Outros jah compararam a um mercado de escravos, onde ficamos expostos como mercadoria, ateh que um comprador se interesse e pare pra nos levar...

Em todo caso, tem ajudado os brasileiros a conseguir emprego aqui. Hoje um pessoal de Tiperary (outro condado) veio aqui na Pedra buscar mao de obra, acredito que por nao haver coisa semelhante na cidade deles. Abaixo, duas fotos da Pedra tiradas em dias diferentes.


segunda-feira, outubro 16, 2006

Flashback: Chegando na Irlanda

No aeroporto de Dublin, passei pela imigracao sem problemas. Mas fiquei preocupado. Sentia como se a garda estivesse me observando. E o pior, o aeroporto estava em reforma, o que dificultou a busca pelo onibus que me levaria a Loughrea. Achei o local, 3 horas e pouco depois cheguei a meu destino. Ao descer do onibus, um cara esquisito se aproximou e perguntou brazilian?. Eu confirmei. Era o Renato, meu contato aqui na Irlanda. Figurassa. Caminhamos alguns minutos e logo cheguei onde seria minha casa pelas proximas semanas. Pessoal bacana. Estava morrendo de cansado por causa do voo, mas tinha ainda que entregar as encomentas que me fizeram, cigarros, remedios e cds. Nem tudo era pro Renato, os cds eram pra um primo dele. Nao trouxe tudo, com medo de trazer coisas que me descaracterizassem como turista, o que gerou algum constrangimento. Mas nao por muito tempo, jah que nesse mesmo dia o Jr. me indicou pra um servico. Quarta-Feira jah estava trabalhando. Servico light. Montagem de andaimes, com um gringo chamado Declan. Light, mas no final do dia estava tired to death. Alguns dias depois, o Wiliam me retratou a seguinte conversa:

Declan: Voce conhece um brasileiro chamado Joe?
Wiliam: nao.
Declan: Nao? Na verdade ele tem um nome enorme, dificil de falar...
Wiliam: Diocleciano?
Declan: Essse mesmo. Voce tinha que ver como ele caminhou em direcao ao carro, no final do dia em que trabalhou comigo [nesse momento, ele me imitou caminhando, com o corpo envergado pra direita, como se carregasse uma mala pesada].

Mas pra um primeiro dia foi bom. Depois vou tirar a foto da obra em que trabalhei. Meu primeiro trabalho na Irlanda...

domingo, outubro 15, 2006

Primeiras mudancas

Rapaz, pela toada do trabalho que to encarando aqui, duas mudancas estao certas pra quando eu voltar para o Brasil. A primeira eh que nao vai ser dificil levantar duas garotas de uma vez, uma em cada braco, trabalhando com a shova [pah] todo dia como estou fazendo. A outra eh que nem vou poder fazer um carinho no rosto de uma garota, pra nao arranhar...

Mudando de assunto. Como jah havia dito, Lady Rowley voltou pra Inglaterra, deixando-me desempregado de sexta em diante. Sexta fiz um trabalho light, de jardinagem. No sabado, compareci a Pedra soh por desencargo de consciencia. Quando ja era quase 10 horas, me liga o William, pra substitui-lo num trabalho. Logo abaixo, uma foto do campo no qual trabalhei. As ovelhas sao ariscas, entao nao pude chegar mais perto pra fotografa-las. Quanto aos montes marrons que voces podem ver, eram montes de estrume. Pense num cabra que ficou o dia inteiro espalhando coco de cavalo!! Mas no final das contas foi um bom dia de trabalho [apesar de estar quase morto no final].

sexta-feira, outubro 13, 2006

Adeus a Lady Rowley

Na manha de sexta-feira, Elisabeth manda uma mensagem dizendo que teria que voltar a Inglaterra. Pena. Trabalhei tres dias pra ela, folguei na quinta [tava com a mao dolorida, mandei um duble no meu lugar], mas esperava trabalhar pelo menos mais um dia pra ela. Comentou com o William que voltaria na proxima semana, espero que seja assim mesmo. Enquanto isso, de volta a pedra!!! No dia de hoje, um rastelo light pra fechar a semana com chave de ouro [pela foto da pra reparar que o rapaz eh ambidestro!!!]. Logo abaixo, uma das muitas pedras que tivemos que tirar para que o terreno um dia seja um jardim decente.


quinta-feira, outubro 12, 2006

Trabalhando na Irlanda - Continuacao

Segundo dia de trabalho pra Lady Rowley: Consertar a cerca e espalhar um caminhao de brita ao redor de sua casa.

Pense num homem bruto!!! [isso ai ja foi no final do trabalho]

Trabalhando da Irlanda

Quando tiver mais tempo, vou descrever como foram meus quatro primeiros trabalhos aqui na Irlanda. Por enquanto, vou falar do mais recente [e mais light].

Uma moca Irlandesa [criada em UK desde os 10 anos] precisava de uma pessoa para ajuda-la na manutencao de sua recem adquirida fazenda. Eu era o setimo na fila da Pedra [depois explico a Pedra], e meu chapa William era o oitavo, mas como eramos os unicos que falavamos ingles como a patroa exigia, entramos na frente. Ou melhor, eu entrei, pois inicialmente ela soh precisava de uma pessoa. Trabalho tranquilo. Passei quase a totalidade do dia catando estrume de cavalo, como voces podem conferir em primeira mao nas fotos abaixo.



Na foto a direita, meu camarada Willian Negao, vulgarmente conhecido pelos gringos como big horse.

Continuacao: Viajando pra Irlanda.

Embarquei num aviao da Air France em Guarulhos, nao podendo seguir a sugestao de meu camarada Fausto, que era a de procurar algum assento vazio pra ficar mais a vontade. Todos os assentos da classe economica estavam ocupados. Fiquei na janela, o que por um lado foi agradavel, ja que poderia observar a paisagem [o cenario que vi quando me aproximava de Dublin eh fantastico]. Por outro lado, nao pude ir bebendo a viagem inteira, como planejara, pra nao atrapalhar as duas pessoas que estavam ao meu lado. Depois de assistir Missao impossivel III sem legendas, convenci a senhora da poltrona do corredor a trocar de lugar comigo, e pedi minha primeira cerveja. Nunca ouvira falar daquela marca, e nem me lembro mais do nome. Lembro que era muito gostosa. Mas pude tomar apenas duas, pois o servico de bordo encerrou-se logo em seguida. Treze horas depois, Charles de Gaulle, Paris.

Mais uma troca de aviao, entro na fila do check-in, e fico lendo meu Guia Visual da Folha de Sao Paulo - Europa, pra passar o tempo, quando uma voz feminina me pergunta Vai fazer um tour pela Europa? Ao me virar, uma linda moca com pouca bagagem de mao, completamente desconhecida, aguardava minha resposta. Quem me dera. Vou conhecer a Irlanda, mas tenho curiosidade de conhecer varios outros paises ainda. Mas por enquanto nao posso. Joyce me contou que trabalha pra Atlas Schindler, na area de informatica, e que iria pra Zurique trabalhar por alguns dias. Companhia agradabilissima. As tres horas que fiquei esperando ate que meu voo pra Dublin saisse passaram voando. Despedimo-nos e tomei meu aviao, um modelo muitissimo inferior aos famigerados Fokker 100 da TAM [pelo menos na aparencia]. Uma hora e pouco depois estava em terra firme.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Pausa: Primeira refeicao tipicamente irlandesa


Batata, um tipo de ervilha generica e peixe. Detalhe: tudo sem sal. Na cidade de Limerick, enquanto fazia meu segundo trabalho na Irlanda, um muro de pedra.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Viajando pra Irlanda

No aeroporto de Brasilia, sem muita emocao ou espectativa. Esperei meia hora e voei pra Goiania. Detalhe, quando cheguei pra fazer o check-in, a atendente me informou que meu voo estava lotado, mas que ela tinha conseguido uma vaga pra mim em um outro que sairia no mesmo horario. Senti-me tentado a agradece-la pela gentileza de me conseguir um lugar num voo cuja passagem havia sido comprada ha duas semanas, e paga a vista, mas nao o fiz. Sobe o aviao, desce o aviao, entra mais gente no mini aeroporto de Goiania e zarpamos pra Sampa.

Guarulhos eh um monstro de Aeroporto. Soh conhecia os de Brasilia e Goiania, entao fiquei muito impressionado. Mas como passei quatro horas esperando meu voo pela Air France, jah estava entediado quando fiz o check-in. Deveriam ter instalado um cinema, como em Brasilia. No mais, sem muitas emocoes.

A (longa) viagem pra Franca e a chegada na Irlanda ficam pro proximo post.